Hebreus 12:14 Procurem viver em paz com todos e busquem a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.
O que é santificação? O que é ser santo? Oswald Chambers, que foi um missionário e professor escocês, falecido em 1917, definiu o processo de santificação da seguinte forma: “Santificação significa ser feito um com Jesus de tal forma que a disposição que o governou nos governe também”. Isso significa que ser santo é ser como Cristo, agir como Cristo, ter o mesmo Espírito que Cristo tinha.
Resumidamente, ser santo é ter o mesmo Espírito que Cristo tinha, refletir o seu caráter e sua imagem. Quanto mais “cristificados”, mais santificados. Isso ocorre porque Jesus Cristo era santo. Jesus é o maior exemplo de santidade. Então, por lógica, quanto mais parecidos com Jesus Cristo, mais santos ficamos. Quanto mais refletirmos o caráter de Cristo em nós, ou seja, sua personalidade, suas atitudes, seus pensamentos, suas palavras, seus ensinamentos, suas preocupações, mais santificados seremos. Ser santo é ser governado pelo mesmo Espírito de Jesus.
1 João 3:24 E aquele que guarda os seus mandamentos permanece em Deus, e Deus, nele. E nisto conhecemos que ele permanece em nós, pelo Espírito que nos deu.
Há que se ressaltar aqui que todos nós que cremos em Jesus somos chamados para ser santos. 1 Coríntios 1:2 à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso. Romanos 1:7 A todos os amados de Deus, que estais em Roma, chamados para serdes santos, graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
Como se expressa a verdadeira santidade? O apóstolo Paulo responde a essa pergunta de maneira muito didática aos irmãos de Colossos, no livro aos Colossenses. Primeiro, ele mostra como não se expressa a verdadeira santidade, e depois faz o oposto.
A falsa santidade
Colossenses 2:8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo.
Para entendermos melhor o que Paulo está querendo dizer, é importante entendermos o significado da palavra “filosofia”. Aqui, filosofia não diz respeito aos pensamentos que excluem Deus, nem a um curso universitário. Josefo, um historiador do tempo dos apóstolos, disse: “Existem três formas de filosofia entre os judeus: os seguidores da primeira escola são chamados fariseus, os da segunda, saduceus, e os da terceira, essênios”. Assim, “filosofia”, no texto, significa qualquer tipo de conhecimento acumulado sobre Deus ou sobre qualquer outro assunto. Segundo Paulo, a verdadeira santidade não é comprovada pelo conhecimento que uma pessoa consegue acumular. Os fariseus, por exemplo, tinham um vasto conhecimento sobre Deus, mas Jesus os chamou certa vez de filhos do diabo (João 8:44). É impossível que algum filho do diabo apresente santidade. O próprio diabo também conhece a Escritura, mas para ele está reservado o fogo do inferno.
Paulo faz ainda um segundo alerta:
Colossenses 2:16 Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados.
O alerta de Paulo é contra o engano promovido pela vida de devoção. Muitas pessoas imaginam-se vivendo a verdadeira santidade pelo fato de expressarem, com muita intensidade, o comportamento religioso. Nos tempos de Paulo, as pessoas imaginavam que a verdadeira santidade era evidenciada se a pessoa fizesse distinção entre alimentos e alimentos, ou se ela prezasse o comparecer a eventos religiosos. Os fariseus agiam dessa maneira, mas Jesus lhes disse: “Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês fecham o Reino dos céus diante dos homens! Vocês mesmos não entram, nem deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo.” (Mateus 23:13). Mas ninguém é mais santo porque deixa de comer isso ou de beber aquilo ou porque participa desse ou daquele evento.
Por fim, Paulo faz um último alerta:
Colossenses 2:18 Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal.
Aqui, Paulo afirma que as experiências sobrenaturais ou místicas não são um sinal que comprova a verdadeira santidade. As pessoas estavam vendo e adorando anjos. Por imaginarem que Deus era inacessível, elas começaram a buscar ajuda e revelação de anjos. Miguel, o líder das hostes angelicais, era largamente adorado na Ásia Menor e a ele eram atribuídas muitas curas miraculosas. Com base nessas visões, muitos imaginavam-se espirituais, andando na verdadeira santidade. A essas pessoas Paulo diz não.
Concluindo, Paulo diz:
Colossenses 2:23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade.
Apesar de parecerem sinais da verdadeira santidade, essas referidas práticas e expressões não conseguem refrear os impulsos da carne; antes, muito facilmente os promovem.
Ser santo não é copiar um modelo religioso preestabelecido (em geral, repleto de “nãos”). Esse modelo é produto das tradições religiosas e não se sustenta pela Palavra de Deus. Ser parecido com Jesus é copiar o modelo Dele, de Sua vida, exatamente como está descrita nos Evangelhos.
Ser santo é ser “chato”? Jesus não parecia ser uma pessoa muito implicante, cheia de chatices e perfeccionismos. Até mesmo porque seus próprios discípulos eram a ralé da sociedade judia e Jesus nem poderia exigir muito deles. Logo, se você pensa que ser santo é ser “chato”, sinto informar que Jesus não era assim.
Ser santo é ser “certinho”? Pergunta boa essa. Jesus não cometeu pecado, mas Ele estava muito longe de ser uma pessoa “certinha”. “Certinhos” eram os fariseus que seguiam cerca 613 regras judaicas derivadas dos 10 mandamentos. Jesus não se apegou a seguir “regrinhas”, mas em cumprir sua missão e chamado e viver de acordo com a vontade do Pai. Ele curou no sábado, o que era contra as “regrinhas” dos judeus. Isso mostra que ser santo não é ser “certinho”, mas sim cumprir a vontade de Deus e amar a Deus, ao próximo e a si mesmo acima de todas as coisas. Ser santo é amar.
A verdadeira santidade
Colossenses 3:1-3 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.
Aqui, Paulo faz uma afirmação condicional. Ele diz que se as pessoas morreram em Cristo e com ele ressuscitaram, então necessariamente uma mudança se operou na vida delas. E essa mudança as leva a viver um novo estilo de vida, a que podemos chamar de chamado para a santificação.
O primeiro sinal da verdadeira santidade é o anseio pelas coisas celestiais. Aquele que nasceu de novo, que vive em santidade, anseia por Deus mais do que por todas as outras coisas. Contudo, o anseio por Deus é um aspecto subjetivo, que não pode ser medido muito facilmente. Por outro lado, o anseio por Deus leva a pessoa a tomar naturalmente duas atitudes práticas, que podem ser observadas:
- Morrer para os prazeres da carne
Colossenses 3:5 Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria.
A verdadeira santidade, além do anseio por Deus, se expressa por meio da morte do velho homem. Aqui, Paulo enumera cinco vícios da carne, que são destruídos pelo que é santo.
O primeiro vício colocado nessa lista é a prostituição, que se refere à toda relação sexual ilegal e ilícita, e portanto envolve o adultério, a fornicação (o sexo antes do casamento), a bestialidade e outras formas de relação sexual que são antinaturais e antibíblicas. Aquele que vive em santidade vai matando progressivamente esse vício em sua vida.
A seguir, o apóstolo Paulo fala da impureza. Aquele que vive em verdadeira santidade se esforça para deixar de lado os maus intentos do coração, os maus pensamentos e as inclinações da carne: a pornografia, os atos libidinosos e a masturbação.
Paulo continua a lista daquilo que o santo faz morrer. Ele faz morrer a paixão lasciva, o desejo maligno e a avareza. Paixão lasciva e desejo maligno têm praticamente o mesmo sentido, e significam todo tipo de desejo que não é voltado para Deus. Assim, aquele que tem os olhos voltados para as coisas materiais está alimentando desejos malignos no coração. Essa busca por admiração pode se dar até mesmo em relação a coisas espirituais. Há pessoas que oram não porque amam a Deus, mas sim porque desejam receber a admiração de outras pessoas, que as chamam de espirituais. O mesmo pode acontecer no tocante à leitura da Bíblia e ao jejum.
O último vício enumerado por Paulo é a avareza. Nesse texto, avareza não se restringe ao amor ao dinheiro; antes, abrange todo tipo de busca do bem pessoal por egoísmo. Portanto, tudo o que a pessoa faz pensando em si mesma e não em Deus é uma forma de egoísmo. Em outras palavras, ela se coloca no lugar de Deus e, portanto, promove a idolatria. Paulo diz que aquele que vive a verdadeira santidade dia após dia mata todos esses vícios. Ele não permanece na passividade, mas sempre busca a força que Jesus lhe pode dar.
Por fim, Paulo apresenta outro sinal que comprova a verdadeira santidade:
- Se revestir do poder de Cristo
Colossenses 3:12 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade.
A verdadeira santidade se expressa por meio do revestimento de Cristo. Aquele que é santo se torna, a cada dia, mais parecido com Jesus. Paulo enumera algumas das expressões da vida de Jesus. Ele diz que a verdadeira santidade se revela na misericórdia, na bondade, na humildade, na mansidão e na longanimidade.
A misericórdia aponta para a compaixão de um ser humano para com outro. Aquele que é misericordioso nunca é acusador e nem crítico; antes, ele se oferece para ajudar e auxiliar aquele que está em situação de miséria. Por isso, ele é também bondoso.
Sem dúvida, a bondade é um reflexo da humildade que existe no coração daquele que é santo. Ele sabe que o seu coração é enganoso e que ele não é melhor do que qualquer outra pessoa. Antes, ele reconhece que é Deus quem o sustenta; por isso, ele também é uma pessoa mansa.
A mansidão é uma característica na vida daqueles que reconhecem que suas vidas estão inteiramente nas mãos de Deus. Eles sabem que se algo não aconteceu do modo como eles esperavam, eles não devem se desanimar ou murmurar; antes, devem confiar em Deus, que faz todas as coisas de modo perfeito. Naturalmente, a mansidão conduz à longanimidade.
Aquele que é verdadeiramente santo é paciente. Ele sabe que Deus vai fazer as coisas no tempo certo; por isso, ele descansa em Deus.
Todas essas expressões existiam na vida de Jesus. Aquele que anda na verdadeira santidade as possui na sua vida, e a cada dia ele se torna mais parecido com Jesus.
Mas como podemos ser revestidos por todas essas características do próprio caráter de Cristo?
Somente podemos apresentar as características de Cristo quanto somos governados pelo mesmo Espírito que habitava em Cristo. E isso só acontece quando recebendo o Espírito Santo, através do batismo nas águas e novo nascimento espiritual. Apenas sendo governados com o mesmo Espírito que habitava em Cristo podemos nos tornar, a cada dia, mais parecidos com Cristo.
Efésios 4:22-23 Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.
Há uma grande diferença entre viver para Jesus e ser governado por Jesus. Tentativas de viver para Ele podem resultar em obras que pouco importam para Deus, como os fariseus que faziam grandes orações e viviam as regras do judaísmo, mas estavam longe do coração de Deus. Por outro lado, quando o mesmo Espírito que habitou em Cristo habita em nós, Jesus pode agir através de nós em toda Sua Plenitude e aí sim podemos ser santos como Ele foi. Só quando o Espírito Santo habita em nós podemos ser santos.
E o que devemos fazer para sermos cheios do Espírito Santo e consequentemente mais santos a cada dia? Vamos estudar agora 4 pré-requisitos para que o Espírito possa mover em nosso interior e nos transformar à semelhança a Cristo.
Pré-requisitos para que o Espírito Santo nos santifique
- Para sermos santificados precisamos ser livres do pecado
Como podemos ser livres do pecado e viver uma vida santa?
Sabemos que o que nos liberta do pecado é o sangue de Jesus. Assim, como o sangue de um animal puro purificava o pecador na antiga aliança, na nova aliança o sangue de Jesus nos purifica dos nossos pecados e nos liberta. Portanto, somos livres do pecado por intermédio de Jesus Cristo.
Porém, Jesus disse em Lucas 9:23 Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.
Isso significa que para seguir livres do pecado em santidade (como Cristo foi) precisamos tomar a nossa cruz dia após dia. Viver em santidade é trilhar um caminho de renúncia, um caminho de cruz – cruz que representa o amor máximo pelos próximos: o amor-sacrifício. Se não morrermos para nós mesmos e não carregarmos a nossa cruz, não estaremos caminhando para onde Deus deseja.
Mas por que tem que ser assim? Por que temos que nos humilhar, esquecer nossa própria vontade e carregar a nossa cruz? Por que temos abandonar tudo aquilo que temos e entregar a Deus? Alguns poderiam dizer: “Jesus já sofreu por mim e pagou meus pecados na cruz. Vivo debaixo da graça. Por isso não tenho que carregar a cruz novamente, pois Jesus já carregou-a por mim. Agora sou livre em Cristo Jesus”. Onde está o erro dessa afirmação? Se ela está correta, então por que temos que morrer pra nossa vontade e tomar a nossa cruz?
Para respondermos a estas indagações temos que nos lembrar da nossa condição. Somos obras da criação de Deus. E tudo que temos nos é dado por Deus. O homem não tem poder para criar matéria, energia ou coisa alguma. Pode apenas manipular aquilo que já existe. Pois bem, enquanto criatura criada por Deus, o homem não tem poder para subsistir por si só, nem para viver sem Deus. Aqui chegamos a um dogma ou uma verdade inafastável: o homem precisa de Deus, assim como os animais precisam das chuvas, do sol, dos frutos da terra. No entanto, apesar de sermos dependentes de Deus, Ele nos deu o livre-arbítrio. Deus deu ao homem a liberdade para escolher entre viver com Ele ou viver sem Ele. Mas por que Deus faria isto, já que o destino daquele que não vivesse com Deus seria a morte? Não podemos saber e não devemos ficar especulando a respeito dos desígnios de Deus (Romanos 9:20). Mas qual seria o mérito de uma criação perfeita se todos fossem obrigados a se submeter a ela? Talvez, Deus nos tenha dado o livre-arbítrio justamente para que reconhecêssemos a grandiosidade de sua obra, sua própria grandiosidade e então, por livre e espontânea vontade, depois de vê-la, escolher por ela ou não. E essa seria a consumação da perfeição da obra de Deus: o reconhecimento, pelas próprias criaturas criadas, da perfeição e grandiosidade desta e de seu construtor.
O fato é que precisamos de Deus e temos liberdade para amá-lo e adorá-lo. Isso é inquestionável. E temos liberdade para rejeitá-lo também e tentar viver por nossa conta. Mas se fizermos isso fatalmente morreremos para a eternidade, pois somos pecadores e o salário do pecado é a morte (Romanos 6:23).
É por isso que temos que morrer pra nossa vontade: pois não somos capazes de subsistir sem Deus e o nosso pecado nos levará a morte. Deus é o único capaz de nos dar a vida. E Deus só poderá nos ajudar, se permitimos que Ele nos ajude. E para isso acontecer temos que deixar nossa vontade de lado e deixar que Deus nos guie.
Em Gálatas 2:20, Paulo diz: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.” Se tentarmos andar sozinhos, pela nossa vontade, traçando nossos próprios caminhos, inevitavelmente caminharemos em direção à morte. Em Romanos 8:13, Paulo diz que “se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis”.
Romanos 6:6-9 sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele.
Paulo nos mostra que precisamos morrer para nós mesmos a fim de que Cristo viva em nós e o pecado não tenha mais domínio sobre nós, uma vez que Cristo já venceu o pecado na cruz. Assim, somos libertos do pecado – que leva à morte – através de Jesus Cristo, por meio de seu Espírito habitando em nós.
O que acontece com as pessoas que não tem Jesus, que não permitem que o Espírito Santo habite dentro delas? Elas pecam de forma natural, vivem no pecado sem discernimento nenhum. Os crentes que são guiados pelo Espírito Santo, por sua vez, têm o poder para não pecar e só pecam quando assim querem voluntariamente.
A partir desse texto podemos chegar à conclusão de que devemos morrer pra nossa vontade para que o Espírito de Cristo se instale em nós e, assim, Ele possa nos libertar do domínio do pecado e, consequentemente, da morte espiritual.
Somos livres do pecado a partir do momento em que temos o Espírito Santo habitando em nós livremente. Ele nos dá poder para vencer o pecado. Desta forma, somos livres para seguir um caminho de santidade, livres do pecado.
Mas por que devemos carregar a nossa cruz? Não bastaria nos entregarmos à Cristo? E, no exato momento em que nos entregássemos a Ele, Ele nos salvaria e nos justificaria do pecado. A partir de então estaríamos livres da cruz e do pecado e poderíamos fazer qualquer coisa. Muitos pregam isso: que o cristão é livre a partir de Cristo e justificado está dos seus pecados.
Cristo não diz que somos livres para qualquer coisa. Ao contrário, Jesus diz que temos que carregar a nossa cruz. E Paulo, em Romanos 6:1-2 e 15, também diz que o fato de estarmos sob a graça de Cristo, não permite que possamos agir livremente e pecar (amparando-se na justificação pela graça).
Mas a pergunta ainda continua: Por que viver para Deus implica tantas renúncias e numa caminhada de cruz? Por que não é possível se entregar a Deus e ao mesmo tempo viver fácil, com muita prosperidade material, riquezas, confortos… enfim, todas essas coisas?
Devemos lembrar aqui da história do diabo, o anjo caído. Satanás era um anjo muito poderoso e bonito. Porém, este não se contentou em apenas viver para Deus e adorá-Lo. Satanás quis mais. Ele quis se tornar o próprio Deus. Ele quis ser independente e colocou seu orgulho acima da submissão a Deus. E por isso ele foi banido do céu e condenado a viver sem Deus.
Ora, é exatamente para não traçarmos o mesmo caminho de Satanás que devemos viver uma vida de renúncia e submissão. Viver para Cristo implica abandonar as riquezas deste mundo e viver em humildade. É como um teste: se nos humilharmos a Deus, Deus nos escolherá e, então, depois de sermos “aprovados” no teste da vida, seremos exaltadas e viveremos uma vida fácil ao lado de Deus eternamente.
Para ser santo não basta apenas dizer que Jesus é o Senhor da sua vida! É necessário viver o evangelho dia-a-dia, no trabalho, no colégio, na rua, em casa, e em todos os lugares! Por isso, devemos carregar a nossa cruz. Não basta sermos cristãos apenas na igreja nos fins de semana. Não basta dizermos: “Senhor, Tu és Rei na minha vida” apenas nos momentos de culto e esquecermos dessa condição durante a semana em nossa vida cotidiana. Jesus nos chama por inteiro para viver uma vida consagrada a Deus em todos os momentos e lugares. Não basta renunciarmos nossa vontade apenas em um momento de culto. Temos que renunciá-la diariamente. E é por esta razão que Jesus nos chama para carregarmos nossa cruz. De nada adianta estarmos na igreja levantando as nossas mãos, cantando cânticos, celebrando, se nos outros momentos de nossa vida não fazemos a diferença no meio onde vivemos.
Se entregar a Jesus diariamente e carregar a nossa cruz no dia a dia, isso é santidade! Isso é ser santo!
Cuidado com o cristianismo fácil. Muitos pensam que só porque uma vez se entregaram a Deus, através do batismo, ou porque levantaram sua mão em um apelo evangelístico, não precisam fazer mais nada e sua caminhada já acabou. Muitos acham que ao fazer isso já estão salvos. Mas se esquecem que a caminhada está apenas se iniciando e muitas dificuldades e provações ainda virão. E quando as dificuldades chegam essas pessoas amparam-se num cristianismo fácil e dizem para si mesmas: “Eu sou eleito de Deus. Fui salvo por Jesus Cristo”. E com isso fogem das responsabilidades e desafios que um cristão deve enfrentar. E com o passar do tempo ficam “patinando” sempre no mesmo ponto. Cuidado com um cristianismo passivo e que se esconde num ato de conversão.
Precisamos carregar a cruz de Cristo dia após dia e compartilhar com Jesus o bom combate.
2 Timóteo 4:5-7 Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério. Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé.
Isso é carregar a nossa cruz. É morrermos para nossas vontades e, mesmo com muitas dificuldades, problemas e obstáculos, perseverarmos até o fim para completarmos nossa carreira santa. Ser santo é lutar, perseverar, combater o bom combate, guardar nossa fé e visão até o fim. O apóstolo Paulo fez tudo isso e nos ensinou sobre essas verdades.
Jesus nos ensinou exatamente o que fazer para sermos santos, como Ele. Ele não deixou um código cheio de leis para cumprirmos. Ele nos mostrou o que fazer através de seu exemplo de vida. Ele se esvaziou de todo o seu poder, morreu pra sua vontade e se entregou aos planos de Deus, seu Pai. Ora, é justamente isso que devemos fazer: pela fé, devemos nos entregar a Deus, morrer pra nossa vontade e nos entregarmos aos planos de Deus.
Ser santo é carregar a cruz de Cristo no dia a dia. Não é ser “melhor” nem “superior” aos outros. Não é ser chato e nem “certinho”. Ser santo é carregar a cruz, morrer para dia a dia para este mundo e alimentar o Espírito Santo dentro de nós, avançando contra as fortalezas espirituais deste mundo, libertando os cativos.
Gálatas 6:14 Mas eu me orgulharei somente da cruz do nosso Senhor Jesus Cristo. Pois, por meio da cruz, o mundo está morto para mim, e eu estou morto para o mundo.
Jesus disse em Mateus 16:24 Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.
- Para sermos santificados precisamos transformar nossa mente
Não podemos nos conformar com este mundo. Romanos 12:1-2 Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Paulo sempre pareceu ser um homem muito determinado. Em Romanos 12, ele dá um ultimato cheio de ênfase: “eu rogo pela misericórdia de Deus!” Ou seja, “eu sei do que estou falando, é muito sério!”
O pensamento é a raiz de todo o nosso comportamento. Nosso pensamento gera as nossas ações, reações, decisões e sentimentos! Por isso Paulo praticamente implora para que nos transformemos, de dentro para fora, pela renovação do nosso modo de pensar! E qual deve ser o nosso jeito de pensar? Precisamos ter a mente de Cristo!
Pensar como Ele é ser esse sacrifício vivo e viver nesse culto inteligente de que o texto nos fala, 24 horas por dia, sete dias por semana. Apenas entregue sua mente a Jesus, para pensar em tudo do jeito que Ele pensaria, como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Essa maneira de viver vai nos levar a conhecer a vontade de Deus, como o texto diz. Tendo nossas mentes renovadas, conheceremos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. E você não só irá conhecê-la, mas comprová-la!
Paulo ensina que não podemos nos conformar com este século. Ou seja, não podemos deixar que a mentalidade que guia a maioria das pessoas neste mundo e tempo possa servir de referência para nós. Não devemos nos amoldar ao padrão desse mundo, absorvendo seu modo de pensar. Paulo ensina que não podemos estar no centro da vontade de Deus se nos “mesclarmos” ao mundo, tendo seu modo de pensar, falar e agir. Apenas através de uma completa renovação em nossas mentes, através de Jesus, podemos experimentar um relacionamento com Deus. A entrega completa é o culto que Deus espera, aquele que é racional, pensado, intencional, e não meramente emocional.
Na carta aos filipenses, Paulo ensina que precisamos cuidar e vigiar a nossa mente:
Filipenses 4:8 Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.
- Para sermos santificados precisamos ser cheios da Palavra de Deus
João 17:17-19 Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade.
A Bíblia fala que somos santificados na verdade e a verdade é a Palavra. Isso significa que à medida que aplicamos a Palavra de Deus em nossas vidas, cada lição de aprendizado e aplicação prática desses ensinamentos resulta em santificação.
Por outro lado, toda vez que aprendemos uma lição valiosa e deixamos de aplicá-la, deixando o aprendizado de lado, agindo de forma negligente e irresponsável, dando mau exemplo como se não houvessem consequências, estamos sobremaneira entristecendo o Espírito que habita em nós.
Efésios 4:30 E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.
Veja o que a Bíblia fala daqueles que forem negligentes com os ensinamentos bíblicos e que dão mau exemplo:
Lucas 12:42-48 Disse o Senhor: Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor confiará os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Verdadeiramente, vos digo que lhe confiará todos os seus bens. Mas, se aquele servo disser consigo mesmo: Meu senhor tarda em vir, e passar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se, virá o senhor daquele servo, em dia em que não o espera e em hora que não sabe, e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os infiéis. Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de reprovação levará poucos açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão.
Precisamos conhecer e obedecer a Palavra de Deus e sermos fiéis e prudentes com Deus para sermos santos.
Para que a Palavra de Deus produza em nós a transformação necessária, ler e estudar regularmente a Bíblia é apenas o começo. Muitas pessoas leem a Bíblia de vez em quando e chegam a ter certo conhecimento do que ela diz. Você talvez já tenha encontrado alguém assim. Alguns conseguem até citar passagens bíblicas de cor. Mas pode ser que isso tenha pouca influência em seu modo de pensar e agir. Por quê? Para que a Palavra de Deus influencie e transforme alguém, ele precisa permitir que ela penetre em seu coração. Assim, precisamos gastar tempo pensando no que estamos aprendendo. Seria bom nos perguntar: “Estou convencido de que isso é mais do que um simples ensinamento religioso? Já não comprovei que isso é verdade? Consigo pensar em maneiras de aplicar em minha vida o que estou aprendendo em vez de encarar isso apenas como algo a ser ensinado a outros? Percebo que Deus está falando comigo pessoalmente?” Meditar nessas perguntas pode nos ajudar a aprofundar o que sentimos por Deus no íntimo. Nosso amor por ele aumentará. Quando nosso coração é tocado dessa maneira, o resultado são mudanças positivas.
Em João 15:4 Jesus diz: Permaneçam em mim, e eu permanecerei em vocês. Nenhum ramo pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Vocês também não podem dar fruto, se não permanecerem em mim.
Mergulhar na Bíblia, em especial nos evangelhos, é uma forma de permanecer em Jesus e permanecer na videira para que possamos dar frutos. Quando meditamos na Palavra de Deus, em suas histórias e parábolas, podemos nos conectar à sua mente e conhecer mais sobre quem Ele é. Quando meditamos na Palavra parece crescer em nós uma sintonia com quem Ele é, com aquilo que o preocupa, com o modo como ele viveu, com o que Ele significa em nossas vidas. Precisamos nos encher diariamente com as palavras e obras de Jesus e praticá-las. Assim, permaneceremos ligados à Ele.
- Para sermos santificados precisamos servir a Deus
Romanos 6:22 Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna.
Este versículo nos mostra o processo de santificação: 1) devemos ser libertos do pecado Gálatas 5:1 Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. 2) fomos libertos para servir Gálatas 5:13 Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. 3) quando servimos em amor, geramos o fruto do Espírito e esse fruto nos leva à santidade Gálatas 5:22-23 Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. 4) finalmente, uma vida de serviço e santidade nos leva a vida eterna Gálatas 6:8 Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna.
Vamos analisar esse versículo de modo inverso: ninguém pode ter a vida eterna sem a santificação Hebreus 12:14 Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. A santificação por sua vez só é alcançada pelo servir a Deus e o servir a Deus só é alcançado depois de ser liberto do pecado Romanos 6:18 e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.
Vejo que aqui é o ponto onde muitos cristãos ainda tropeçam. Muitos aceitam a Jesus e dizem que Ele é o Senhor. Mas poucos arregaçam as mangas para o trabalho no corpo de Cristo.
Romanos 6:19 Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Assim como oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade para a maldade, assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a santificação.
Servir a Deus é algo muito concreto e depende apenas dos nossos membros, como diz o texto. Depende da nossa vontade de se envolver e começar a servir em amor. Repare na palavra final do versículo: “para a santificação”. A santificação é algo que vem somente depois que nós oferecemos nosso ser a serviço da justiça.
Andar no Espírito e evitar o pecado
A partir do momento que aceitamos a Jesus Cristo como Senhor e Salvador de nossas vidas, somos chamados a seguir uma vida de serviço e santidade.
1 Pedro 1:14-16 Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.
Gálatas 5:24-25 E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.
A Bíblia nos ensina que uma das melhores estratégias para nos mantermos afastados do pecado é fugindo dele!
1 Timóteo 6:11 Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.
1 Coríntios 6:18 Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo.
1 Coríntios 10:14 Portanto, meus amados, fugi da idolatria.
Fugindo do pecado conseguiremos na maioria das vezes nos livrar das tentações e conseguiremos seguir nossa vida em santidade. Porém, precisamos também nos preparar para a batalha com as armas da luz:
Romanos 13:12 Vai alta a noite, e vem chegando o dia. Deixemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz.
Ser santo não é viver uma vida com medo do pecado, isolado de tudo e todos, vivendo uma vida de penitências. Muitos confundem a santidade com uma tentativa fracassada de “pagar” pelos pecados por meio de penitências. Viver uma vida de proibições realmente é um estilo de vida impossível de sustentar, mas a Palavra de Deus nos mostra um caminho totalmente diferente: não à base de proibições, mas oferece uma troca: troque as obras das trevas pelas armas da luz! A vida de um santo não é uma vida de medo, passiva “deixe de pecar”, mas algo uma vida ativa “seja liberto do pecado e lute contra o mal, se revestindo com as armas da luz, se revestindo com o poder do Espírito Santo!”
Por sermos criaturas pecadoras, eventualmente iremos acabar pecando. Pecar eventualmente faz parte da caminhada. Porém, continuar pecando é que é o problema. É impossível ser santo e continuar vivendo no pecado. Devemos lidar imediatamente com o pecado em nossas vidas e renovar nosso compromisso em estarmos cheios do Espírito diariamente. Como já estudamos, ser santo é negar a si mesmo e dia a dia carregar a nossa cruz. Viver em santidade é fugir do pecado (sem medo mas como parte de uma estratégia santa), carregar a nossa cruz no dia a dia, tentar agradar a Deus servindo aos irmãos em amor e sacrifício vivo, procurando o fruto do Espírito Santo e se revestindo com o poder do Espírito Santo.
1 Tessalonicenses 4:1-8 Finalmente, irmãos, nós vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus que, como de nós recebestes, quanto à maneira por que deveis viver e agradar a Deus, e efetivamente estais fazendo, continueis progredindo cada vez mais; porque estais inteirados de quantas instruções vos demos da parte do Senhor Jesus. Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador, porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação. Dessarte, quem rejeita estas coisas não rejeita o homem, e sim a Deus, que também vos dá o seu Espírito Santo.